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Start-Up Brasil renasce com o foco em internacionalização de empresas

Lançado em 2012, o Start-Up Brasil surgiu para ser o grande programa de aceleração de startups do país. A iniciativa, criada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e gerida pela Softex, entidade privada que executa políticas públicas de incentivo ao mercado da tecnologia, destacou-se dos outros programas por ter uma abrangência nacional: as empresas escolhidas pelo programa eram capacitadas por aceleradoras de todo o país.

No entanto, em 2015, o Start-Up Brasil foi interrompido. O clima de incerteza política, que culminou no impeachment de Dilma Rousseff e a ascensão de Michel Temer ao poder, associado à uma redução no orçamento do MCTIC, fizeram com que o programa ficasse em hiato – somente poucos Demodays, com apresentações de startups brasileiras, foram realizados em alguns eventos.

No entanto, em agosto de 2017, o Start-Up Brasil voltou à ativa e inscrições para uma nova turma de aceleração foram abertas. Em dezembro, começou o trabalho de escolher, dentre as 460 startups inscritas, as 50 empresas participantes da retomada do programa.

No mês que vem, as startups selecionadas serão oficialmente anunciadas em um evento em Recife (PE). A partir daí, a turma de empresas participará de 12 meses de capacitação em uma das 13 aceleradoras parceiras, eventos e atividades de aproximação com investidores e grandes empresas.

De acordo com Ruben Delgado, presidente da Softex, o programa funcionará de forma semelhante às edições anteriores, mas com algumas novidades. “Uma delas é um foco maior na internacionalização das startups participantes”, diz.

Formado em engenharia, Delgado é professor e atuou como conselheiro de importantes instituições ligadas à tecnologia e ao empreendedorismo, como o MCTIC, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia e a e Federação das Indústrias do mesmo estado.

Em entrevista exclusiva a Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Delgado fala sobre a interrupção do Start-Up Brasil e dá novidades sobre a retomada do programa. E afirma: não deve haver mais interrupções. Confira:

O que fez o Start-Up Brasil passar por esse hiato?
A mudança de governo influenciou a interrupção do programa. Quando uma nova equipe assume o comando, há muitas vezes uma “releitura” da gestão anterior. O MCTIC sofreu um corte no orçamento de 44%, o que também atrapalhou a continuidade.

No entanto, acredito que hoje há um entendimento maior que o Start-Up Brasil deve ser uma iniciativa de Estado e não de governo – no sentido de que o programa é benéfico para o país e não deve ser interrompido por ter sido criado pelo partido A ou B.

Estamos em um ano de eleições. O programa pode ser interrompido de novo?
A tendência é de que não. Há nomes em todos os grandes partidos militando pelo sucesso da área da tecnologia. Eles entendem que temos na mão um programa importante e meritocrático e não uma ferramenta política. Sabem que o nosso mercado não é para amadores, não perdoa atraso e é importante para o país. Por isso, será mais fácil prosseguir com o programa independente de quem ganhe as eleições.

Há alguma grande mudança na turma atual em comparação ao programa antes da interrupção?
Sempre tem como melhorar, até porque não existe nada perfeito na tecnologia. O programa continua tendo um período de capacitação de um ano em alguma das 13 aceleradoras parceiras do programa.

Mas há três aspectos que vamos fortalecer no Start-Up Brasil atual: o primeiro é um foco maior na internacionalização das startups participantes. Devemos contar com a ajuda de “hubs” da Softex no exterior. Hoje, temos uma iniciativa chamada Hub 55, realizada em parceria com o Governo de Connecticut, nos Estados Unidos. A proposta é que o espaço sirva de base para que as startups brasileiras se estabeleçam na região e também se relacionem com o mercado local. Estamos articulando parcerias semelhantes em países como Colômbia e Portugal, cidades como Miami e regiões como o Sudeste Asiático e a Oceania.

O segundo é uma aproximação mais intensa entre as startups participantes e investidores privados. O Start-Up Brasil sempre teve Demodays, em que as empresas apresentavam a ideia ao mercado, mas pretendemos ampliar essas ações de relacionamento. Também queremos trazer as grandes empresas para perto da gente, criando parcerias benéficas para elas e para as nossas startups.

As empresas participantes recebem investimentos em dinheiro?

Sim. Todas as participantes recebem até R$ 200 mil em bolsas de pesquisa do MCTIC. Além disso, na maioria dos casos, recebem um investimento da aceleradora parceira. O valor depende da negociação entre as partes e varia entre R$ 60 mil e R$ 80 mil. Em troca, a aceleradora se torna dona de uma parte da empresa – a parcela fica normalmente em 8,5%. Além disso, pode acontecer da empresa participante receber posteriormente um aporte de um investidor externo.

Quanto investimento privado vocês esperam atrair para as startups?
Nas outras edições do Start-Up Brasil, os investidores colocavam, em média, 3,3 vezes mais dinheiro do que o poder público. Como vamos nos comprometer com R$ 9,7 milhões, esperamos atrair algo como R$ 30 milhões da iniciativa privada para as startups dessa turma.

Você acha que programas de corporate venture são concorrentes do Start-Up Brasil?
Não vejo nenhum programa, seja comandado por uma grande empresa, ou público, como concorrente. Vejo todos remando no mesmo sentido.

Como você vê o ecossistema brasileiro de startups?
Vejo muitas coisas boas acontecendo. Há uma série de iniciativas bacanas surgindo. Mas ainda temos muito o que amadurecer. Creio que mais projetos deveriam surgir na esfera estadual. Um dos poucos exemplos de um estado trabalhando com startups é o Maranhão.

Lá, existe o Inova Maranhão Powered by Start-Up Brasil, em que atuamos com o governo de lá. Precisamos de mais iniciativas regionais, que sejam apoiadas pelos governantes, não importando “o time que eles torcem.”

Fonte: PEGN

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